Calma… eu disse calmaaa! A quarentena está desesperadora? Então não saia de casa, continue lavando as mãos com sabão, álcool em gel e tomando cloroquina (mentira, não faça isso). Mas se estiver lendo este texto que escrevi com muito carinho e isolamento, tente ler até o final e pegar estas dicas de séries muuuito bacanas na Netflix e outros serviços de streaming!
Ah sim, todas elas têm uma característica em comum: nenhuma. Ao mesmo tempo, elas têm alguma temporada lançada neste 2020 sombrio que vos escrevo. Então não é tarde para maratonar antes de 1/3 da humanidade ser extinta, e você não ter visto algo legal nem aqui nem no além.
Castlevania
ANO: 2017
TEMPORADAS: 3
Sendo ex-integrante do RetroPlayers, como é que daria para deixar essa de fora? Afinal, Castlevania é uma franquia japonesa que sustenta grande parte dos maiores legados dos jogos eletrônicos. Basicamente, ela parte da clássica história da família de caçadores de vampiros Belmont lutando contra o Conde Drácula e seus monstrengos do inferno, que querendo ou não vão retornar para assolar o mundo… e nós queremos, claro.
A animação surgiu em 2017 no Netflix, e apesar de não ser de autoria japonesa foi bastante inspirada por animes famosos e pela arte de Ayami Kojima — que consagrou a arte da franquia a partir de Castlevania: Symphony of the Night. Além disso, foi escrita pelo experiente roteirista britânico Warren Ellis, famoso por trabalhos em HQs e séries da Marvel e DC. Também conta com a dublagem de atores como Richard Armitage (Trevor Belmont), James Callis (Alucard) e Graham McTavish (Drácula). Bom, tinha grandes chances de dar certo, e deu: inicialmente uma temporada de apenas 4 episódios se estendeu por mais 2 longas temporadas.
Apanhando e juntando vários pedaços da história dos jogos Dracula’s Curse (NES) e Curse of Darkness (PS2/Xbox), e ambientado na histórica província romena de Valáquia, o drama é muito bem escrito, várias vezes reflexivo e adiciona personagens complexos na história. Claro que fazendo jus à franquia: quando o chicote estrala, é um show de ação e efeitos visuais. Às vezes peca com o “passo lento” (o que muitos reclamam), conversas longas, clichês e um pouco de amadorismo: mas meu caros, o que mais podemos pedir? É Castlevania! E só isso é motivo suficiente para muitos fãs assistirem de cabo a rabo. Bom, eu sou chato e aprovei.
Ozark
ANO: 2017
TEMPORADAS: 3
O nome, que mais parece o de alguma cidade na Rússia, é na verdade um reservatório (lago artificial) real em Missouri, nos EUA. Se isso tem a ver com a história da série? Hmm… tirando que ela se passa em torno dele, pouca coisa.
Foi criada por caras que entendem MUITO bem de máfia e lavagem de dinheiro, a tal ponto que você começa a se questionar se a série não é feita por mafiosos lavando o seu dinheiro do Netflix (?). De começo você não dá muita coisa, mas se tiver paciência, Ozark aos poucos se mostra um thriller criminal que a toda temporada consegue te deixar boquiaberto e falando sozinho na quarentena com as reviravoltas absurdas.
Tudo gira em torno da família Byrde, aparentemente uma família comum e pacata de Chicago vivendo o sonho americano. Isso claro, até (não é spoiler) descobrirem que o pai lava dinheiro para um cartel mexicano, e a mãe… bom, acho que aqui já é spoiler. O que se pode dizer é que uma hora eles têm que ir para Ozark, e lá o mundo por trás do sonho americano começa a dar as caras em doses homeopáticas.
A série é encabeçada pelos atores veteranos Jason Bateman, mais conhecido por vários papéis em filmes e séries de comédia (como o excelente Arrested Development), e Laura Linney (essa com uma atuação espetacular), mas há muitas revelações. Caso tenha assistido True Detective, o clima estético sombrio e cinzento também vai te agradar. Recomendo se estiver com o coração e estômago fortes, pois o crime não só não compensa como não poupa sangue.
Vikings
ANO: 2013
TEMPORADAS: 6
“Valhalla - Deliverance
Why've you ever forgotten me?”
Existe algum metaleiro de verdade que não ouviu esse refrão eternizado pelo Blind Guardian? Pois então uni-vos nerds fãs de metal espadinha, história e fantasia: Vikings é obrigatório para qualquer um de vocês, e sem dúvida uma das séries mais bem-sucedidas no que trata-se de história medieval e escandinava.
Partindo das lendas e sagas escandinavas sobre Ragnar Lothbrok (algo como Ragnar “calças peludas”), um herói viking que supostamente teria sido um dos primeiros a liderar as invasões da Inglaterra e do que hoje forma a França (na época Reino dos Francos) no Século IX; o drama viking começa a ganhar forma. Assim, saindo de simples aldeias castigadas por um clima frio e severo — e esposas como a Helga de Hagar, o Horrível — em algum lugar de Kattegat (mar entre a Dinamarca, Noruega e Suécia); os vikings começaram a ganhar fama, riqueza e aterrorizar o mundo. Mas não é só isso que eles fizeram, a história é bem rica e flui com personagens fortes como sua esposa guerreira Lagertha, seu irmão Rollo, seu amigo Floki, o monge Athelstan e também seus famosos (e numerosos) filhos.
É claro, não há um consenso histórico sobre vários dos acontecimentos e personagens da série, mas a proposta de tentar remendar várias fontes, adicionar toda uma dramatização épica, fantasia e mitologia nos fatos caiu como uma luva. E talvez tudo isso fosse muito mais difícil se não pela enorme produção encabeçada pelo roteirista Michael Hirst — o mesmo de Elizabeth e The Tudors — para o canal canadense History.
Então meu caro ou minha cara fascinada por romances históricos, mitologia nórdica, batalhas épicas, tatuagens, cabelos e barbas enormes e sujos: são até agora 6 temporadas para se aventurar, e ainda tem muito mais por vir… Preciso adicionar que os figurinos são detalhadíssimos e as paisagens pitorescas? Então se ainda não assistiu, melhor que Odin não saiba!
The Midnight Gospel
ANO: 2020
TEMPORADAS: 1
Ainda não sei como descrever com exatidão a experiência existencial e surreal que é assistir The Midnight Gospel. Mas uma coisa é certa: em todo episódio eu sinto que colocaram a minha cabeça em um liquidificador e jogaram no espaço.
Concebido pelo comediante Duncan Trussell — a partir de entrevistas com personalidades famosas para o seu próprio podcast — e pelo roteirista e animador Pendleton Ward — o mesmo por trás do desenho Adventure Time (Hora de Aventura) —, The Midnight Gospel não é mais um desenho de fantasia como Adventure Time ou pretensiosamente nerd (e muitas vezes forçado) como Rick and Morty; mas um desenho muito mais adulto e livre de uma fachada que pode-se esperar no mesmo ou no próximo episódio. Psicodélico, filosófico, existencialista, brutal, cômico, inesperado e absurdo são só algumas das palavras para descrever essa experiência.
O protagonista disso tudo é Clancy: um garoto rosa de cabelos roxos, viciado em café e habitante de um trailer em uma dimensão de fazendeiros de simulação (simulation farmers). Usando um bio-computador que simula universos, seu trabalho consiste basicamente em ser um spacecaster (podcaster do espaço), viajando para esses mundos em algum avatar randômico e entrevistando os seres mais inusitados para o seu programa.
Como em um podcast, cada episódio é narrado por diálogos ininterruptos com algum personagem (sempre excêntrico) que aceite ser entrevistado. Essas entrevistas sempre acontecem em meio a um caos frenético: seja em um apocalipse zumbi; uma aventura aquática com gatos marinheiros; ou que tal um matadouro de um mundo de palhaços? Tudo isso misturado com uma animação vertiginosa e uma explosão de cores em tons berrantes. E para que a digestão fique um pouco melhor, acrescente temas que sempre tocam algum tabu cultural como drogas, morte, religião, ocultismo, perdão etc — nem o céu é o limite.
Então se precisa de uma experiência chocante, engraçada, madura e alucinógena sem precisar sair de casa ou usar drogas, The Midnight Gospel é mosca branca nesses tempos de incerteza. Apesar de episódios relativamente curtos (cerca de 20 min cada), garanto que você vai querer voltar vários trechos e reassistir episódios inteiros só para capturar alguma coisa que escapou da primeira vez. Então é isso camarada: tenha a mente aberta e aproveite a viagem sem moderação!
Westworld
ANO: 2016
TEMPORADAS: 3
Essa aí é peixe grande, muito grande. Criada por Jonathan Nolan (irmão de Christopher Nolan) e Lisa Joy (roteirista de Burn Notice e Pushing Daisies), Westworld tem como principal inspiração um filme de faroeste e sci-fi homônimo de 1973. O filme, não muito conhecido por aqui, foi escrito pelo falecido Michael Crichton, a mesma mente que criou o clássico Jurassic Park. Assim como seu irmão famoso, o filme também se passa em um parque temático, mas no caso inspirado no Velho Oeste dos Estados Unidos, onde os personagens do parque são na verdade androides.
A série parte da mesma premissa, mas vai além, muito além. Passando-se em 2058, uma grande corporação chamada Delos Inc. controla um parque temático de faroeste em que os anfitriões são todos androides: sejam eles cowboys, cavalos, músicos, prostitutas, xerifes etc; e os mesmo são programados para jamais ferirem os visitantes. Dessa forma tudo é permitido no parque, desde passeios para famílias, aventuras planejadas ou não, jogos de azar e até prazeres sexuais (sim, com robôs).
Bom, até aí parece meio chato para quem não curte muito faroeste, né? Mas logo percebe-se que ela não é só uma série de faroeste: falhas imprevisíveis no sistema, segredos da história do parque e personagens bem complexos — sejam eles humanos ou androides — começam a fazer da trama algo muito intrigante, digna dos melhores roteiros de ficção científica. Lembrando que apesar de menos conhecido que o irmão mais velho, Jonathan Nolan foi o criador da excelente série Person of Interest, além de sempre estar por trás das grandes produções do irmão.
Atualmente é uma das produções mais caras da HBO, contando com um elenco como Anthony Hopkins, Ed Harris, Thandie Newton, Evan Rachel Wood e Rodrigo Santoro. Além de figurino, cenários, efeitos visuais belíssimos e uma trilha sonora espetacular. A série está na sua terceira temporada e, como é de costume da HBO, um episódio por semana é liberado para deixar você bem puto(a) esperando.
Então é isso, espero que tenha gostado das dicas para uma quarentena melhor e deixe seu comentário aí. Até a próxima! =)
O slogan do antigo RetroPlayers ainda vale pra mim: “também to morto mas tô aí!”
E muito bem acompanhado =)
A Amazon também está criando um conteúdo respeitável, As séries Hunters e The Boys ambas com apenas uma temporada até o momento são boas opções para maratonar.
Só série boa ai to assistindo uma legal também da Netflix chamado Frontera Verde dá uma conferida depois não sei se você conhece kra.
Obrigado pela dica rock! Vou conferir sim. =)